A percepção de homens trans sobre a relação entre voz e expressão de gênero em suas interações sociais.
PDF
PDF (English)

Palavras-chave

pessoas transgênero
homem transexual
identidade de gênero
voz
qualidade da voz
saúde coletiva
fonoaudiologia.

Como Citar

Barros, A. D., Cavadinha, E. T., & Mendonça, A. V. M. (2018). A percepção de homens trans sobre a relação entre voz e expressão de gênero em suas interações sociais. Tempus – Actas De Saúde Coletiva, 11(4), Pág. 09–24. https://doi.org/10.18569/tempus.v11i4.2361

Resumo

Introdução: A comunicação, verbal e não verbal, como um aspecto importante do comportamento humano e expressão de gênero. Sendo a voz um fator marcante na percepção de gênero, a não conformidade da voz com a expressão do mesmo, pode gerar sentimentos de inadequação, tendo um potencial impacto psicossocial sobre voz e comunicação na expressão de gênero de homens trans. Com o objetivo de analisar a percepção dos homens trans sobre expressão de gênero e interações sociais, influenciadas pela voz e comunicação. Método: Pesquisa qualitativa de base teórico filosófica na hermenêutica dialética, orientada pela noção de performatividade de gênero. Na qual foram realizadas entrevistas semiestruturadas por uma fonoaudióloga com 14 homens trans de várias regiões do Brasil com idades entre 18 e 42 anos. Resultados e Discussão: A análise das entrevistas possibilitou o surgimento de categorias analíticas relacionas à voz e comunicação nas interações sociais, envolvendo as relações entre voz, saúde e interações socais e o suporte de profissional da voz na saúde coletiva. As categorias foram interpretadas de maneira integrada ao contexto social e de saúde estudado. Conclusão: Compreender a perspectiva dos homens trans sobre voz e comunicação, possibilita o desenvolvimento de abordagens de cuidado culturalmente competentes, sem padrões normativos de gênero, com compreensão e respeito às individualidades e variadas maneiras de expressão de gênero. Em especial para a saúde coletiva buscando equidade e integralidade em saúde, oferecendo subsídios para que a fonoaudiologia possa contribuir para a autoestima e saúde dos homens trans.
https://doi.org/10.18569/tempus.v11i4.2361
PDF
PDF (English)

Referências

Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Brasília: Ministério da Saúde. 2012.

Mello, L, Perilo, M, Braz, CA, Pedrosa, C. Políticas de saúde para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no Brasil: em busca de universalidade, integralidade e equidade. Sexualidad, Salud y Sociedad. 2011 Dec; (9): 7-28.

Coleman, E, Bockting, W, Botzer, M, Cohen-Kettenis, P, DeCuypere, G, Feldman, J, et al. Standards of Care for the Health of Transsexual, Transgender, and Gender-Nonconforming People. International Journal of Transgenderism. 2012 July; 13(4):165-232.

Aran. M, Zaidhaft, S, Murta, D. Transexualidade: corpo, subjetividade e saúde coletiva. Psicologia & Sociedade. 2008; 20 (1): 70-79,

Neumann K, Welzel C, Berghaus A. Operative voice pitch raising in male-to-female transsexuals. Eur J Plast Surg. 2002; (25):209–214.

Owen K, Hancock AB. The role of self- and listener perceptions of femininity in voice therapy. Int J Transgender. 2010; (12):272–284.

Hancock AB, Haskin G. Speech-Language Pathologists’ Knowledge and Attitudes Regarding Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender, and Queer (LGBTQ) Populations. American Journal of Speech-Language Pathology 2015 May; 24, 206–221.

Azul, D. Transmasculine people's vocal situations: a critical review of gender-related discourses and empirical data. Int J Lang Commun Disord. 2015 Jan; 50(1):31-47.

Azul, D. Gender-related aspects of transmasculine people´s vocal situations: insights from a qualitative content analysis of interview transcripts. Int J Lang Commun Disord. 2016 Nov;51(6):672-684.

Gelfer MP, Schofield KJ. Comparison of acoustic and perceptual measures of voice in MtF transsexuals perceived as female versus those perceived as males. J Voice. 2000; 14(1):22-33.

Davies S, GoldberG JM. Clinical aspects of transgender speech feminization and masculization. Int J Transgenderism. 2006; (9):3-4, 167-196.

Lanz, L. O corpo da roupa: a pessoa transgênera entre a transgressão e a conformidade com as normas de gênero. Uma introdução aos estudos transgêneros. Curitiba: Transgente. 2015, 456.

Azul, D. Transmasculine people's vocal situations: a critical review of gender-related discourses and empirical data. Int J Lang Commun Disord. 2015 Jan; 50(1):31-47.

Scheidt, D, Kob, M., Willmes, K., Neuschaefer-rube, C. Do we need voice therapy for female-to-male transgenders? In Murdoch, B. E., et al eds. 2004 IALP-Congress Proceedings. Brisbane: Speech Pathology Australia.

Azul, D, Nygren U., Södersten M., Neuschaefer-Rube C. Transmasculine People’s Voice Function: A Review of the Currently Available Evidence. J Voice. 2017 Mar; 31(2):261.e9-261.e23.

Butler, J. “Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do ‘sexo’”.In: Louro, G. L. (org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva. Belo Horizonte: Autêntica, 1999, 151-172.

Minayo, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec. 2010, 407.

Noy C. Sampling Knowledge: The Hermeneutics of Snowball Sampling in Qualitative Research. International Journal of Social Research Methodology. 2008 Oct;11(4): 327-344.

Vinuto J. A amostragem bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas, Campinas. 2014; 22(44): 203-220.

Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Transexualidade e Travestilidade na Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 194.

Nygren U, Nordenskjöld A, Arver S, Södersten M. Effects on voice fundamental frequency and satisfaction with voice in trans men during testosterone treatment: a longitudinal study. J Voice. 2016 Nov;30(6):766.e23-766.e34.

Davies S, Papp VG, Antoni C. Voice and communication change for gender nonconforming individuals: giving voice to the person inside. Int J Transgend. 2015;16:117–159.

Adler RK, Constansis AN, Van Borsel J. Female-to-male transgender/ transsexual considerations. In: Adler RK, Hirsch S, Mordaunt M, eds. Voice and Communication Therapy for the Transgender/Transsexual Client: A Comprehensive Clinical Guide. San Diego: Plural Publishing; 2012:153–185.

Cosyns M, Van Borsel J, Wierckx K, Dedecker D, Van de Peer F, Daelman T, et al. Voice in female-to-male transsexual persons after long-term androgen therapy. Laryngoscope. 2014 Jun;124(6):1409-1414.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Nº 2.803, de 19 de novembro de 2013. Redefine e amplia o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde. 2013.

Thornton J. Working with the transgender voice: the role of the speech and language therapist. Sexologies. 2008;17:271–276.